terça-feira, 29 de março de 2011

O Trovadorismo - Exercícios

Leia os textos e responda às perguntas.

TEXTO 1

Cantiga d’amor de refran

Nuno Fernandes Torneol

Ir-vus queredes, mia senhor,
e fiq’end’ eu com gran pesar,
que nunca soube ren amar
ergo vós, des quando vus vi.
E pois que vus ides d’aqui,
senhor fremosa, que farei?

E que farei eu, pois non vir’
o vosso mui bom parecer?
Non poderei eu mais viver,
se me Deus contra vos al:
senhor fremosa, que farei?

E rogu’eu a Nosso Senhor
que, se vos vus fordes d’quen,
Que me dê mia morte por én,
ca muito me será mester.
E se mi-a el dar non quiser’:
senhor fremosa, que farei?

Pois mi-assi força voss’amor
e non ouso vusco guarir,
des quando me de vos partir’,
eu que non sei al bem querer,
Querria-me de vos saber:
Senhor fremosa, que farei.

Cantiga de amor de refrão

Nuno Fernandes Torneol
Se em partir, senhora minha,
mágoas haveis de deixar
a quem firme em vos amar
foi desde a primeira hora,
se me abandonais agora,
ó formosa! que farei?

Que farei se nunca mais
contemplar vossa beleza?
Morto serei de tristeza.
Se Deus me não acudir,
nem de vós conselho ouvir,
ó formosa! que farei?

A Nosso Senhor eu peço
quando houver de vos perder,
se me quiser comprazer,
que a morte me queira dar.
Mas se a vida me poupar,
ó formosa! que farei?

Vosso amor me leva a tanto!
Se, partindo, provocais
quebranto que não curais
a quem de amor desespera,
de vós conselho quisera:
ó formosa! que farei?

a. Qual é o tema tratado na cantiga?

b. Que elementos permitem classificar o texto como uma cantiga de amor?

c. Identifique o refrão da cantiga. Que sentimento do eu-lírico ele reforça?

d. Que forma de tratamento o eu-lírico usa para se referir à mulher? O que esse tratamento revela a respeito da relação entre eles?

TEXTO 2:


Ondas do mar de Vigo

Martin Codax
Ondas do mar de Vigo,
se vistes meu amigo!
E ai Deus, se verrá cedo!

Ondas do mar levado,
se vistes meu amado!
E ai Deus, se verrá cedo!

Se vistes meu amigo,
o por que meu suspiro!
E ai Deus, se verrá cedo!

Se vistes meu amado
por que hei gran cuidado!
E ai Deus, se verrá cedo!

Ondas do mar de Vigo

Ondas do mar de Vigo,
se vires meu namorado!
Por Deus, (digam) se virá cedo!

Ondas do mar revolto,
se vires meu amado!
Por Deus, (digam) se virá cedo!

Se vires meu namorado,
aquele por quem suspiro!
Por Deus, (digam) se virá cedo!

Se vires meu amado
por quem tenho grande temor!
Por Deus, (digam) se virá cedo!


a. Que aspectos permitem classificar o poema como uma cantiga de amigo?

b. O ambiente apresentado no poema é um ambiente urbano ou campesino?

c. Que sentimento o refrão reforça na cantiga?

d. A quem a voz feminina do poeta pede informações do namorado?

TEXTO 3:


Cantiga

João Garcia de Guilhade

Ai, dona fea, foste-vos queixar
Que vos nunca louv’en (o) meu cantar;
Mais ora quero fazer un cantar
en que vos loarei toda via;
E vedes como vos quero loar:
Dona fea, velha e sandia!

Dona fea, se Deus mi pardon,
Pois avedes (a) tan gran coraçon
Que vos eu loe, en esta razon
Vos quero já loar toda via;
E vedes qual será a loaçon:
Dona fea, velha e sandia!

Dona fea, nunca vos eu loei
Em meu trobar, pero muito trobei;
Mais ora já un bon cantar farei,
en que vos loarei toda via;
E direi-vos como vos loarei:
Dona fea, velha e sandia!

a. Que atitude da senhora motivou o trovador a escrever a cantiga?

b. O que promete o trovador à senhora?

c. Ele cumpre o que ela esperava?

TEXTO 4:


Mina do condomínio

Seu Jorge
Tô namorando aquela mina
Mas não sei se ela me namora
Mina maneira do condomínio
Lá do bairro onde eu moro

Seu cabelo me alucina
Sua boca me devora
Sua voz me ilumina
Seu olhar me apavora
Me perdi no seu sorriso
Nem preciso me encontrar
Não me mostre o paraíso
Que se eu for, não vou voltar
Pois eu vou

Eu digo “oi” ela nem nada
Passa na minha calçada
Dou bom dia ela nem liga
Se ela chega eu paro tudo
Se ela passa eu fico doido
Se vem vindo eu faço figa
eu mando beijo ela não pega
pisco olho ela se nega
Faço pose ela não vê
Jogo charme ela ignora
Chego junto ela sai fora
Eu escrevo ela não lê

Minha mina
Minha amiga
Minha namorada
Minha gata
Minha sina
Do meu condomínio
Minha musa
Minha Monalisa
Minha Vênus
Minha deusa
Quero seu fascínio


TEXTO 5:


Atrás da porta

Chico Buarque

Quando olhaste bem nos olhos meu
E o teu olhar era de adeus
Juro que não acreditei
Eu te estranhei
Me debrucei sobre o teu corpo
E duvidei
E me arrastei e te arranhei
E me agarrei nos teus cabelos
Nos teus pêlos
Teu pijama
Nos teus pés
Ao pé da cama
Sem carinho, sem coberta
No tapete atrás da porta
Reclamei baixinho
Dei pra maldizer o nosso lar
Pra sujar teu nome, te humilhar
E me vingar a qualquer preço
Te adorando pelo avesso
Pra mostrar que inda sou tua
Só pra mostrar que inda sou tua...


a. Relacionando as canções Mina do condomínio e Atrás da porta com as cantigas medievais, como você as classificaria? Justifique a resposta.

Baseando-se nos textos anteriores, elabore um quadro resumo com as características das cantigas trovadorescas.

Clique aqui para acessar as respostas dos exercícios.

5 comentários: